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Economia

15 de Dezembro de 2017

Sem Previdência, projeção do PIB deve cair

O impacto negativo da não aprovação da reforma da Previdência é de 0,15 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, afirmou nesta quinta-feira, 14, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk. Pelas projeções oficiais, a economia deve crescer 3% no ano que vem (antes, a estimativa era expansão de 2%).
 
Se as novas regras para se aposentar no País não forem aprovadas, o crescimento seria de 2,85%. Com a aprovação da reforma, o impacto positivo é de 0,3 ponto porcentual - ou seja, o crescimento iria a 3,3%. “O mercado coloca que a probabilidade de aprovar a Previdência neste governo é de um terço”, disse Kanczuk, citando cálculos do Ministério da Fazenda. “Se a Previdência for aprovada, o choque positivo é mais forte do que o negativo, caso ela não seja aprovada”, afirmou. 

Para este ano, a projeção oficial de crescimento do PIB foi elevada de 0,5% para 1,1%. O Orçamento do próximo ano, aprovado na quinta-feira pelo Congresso, já considerava uma alta de 2,5% no PIB no ano que vem. No Focus, boletim divulgado pelo Banco Central, os economistas preveem um crescimento de 2,62% em 2018.
 
 “Essa projeção está um pouco acima da média das estimativas dos analistas, mas achamos que é uma previsão bastante conservadora e sólida. Revisão é produtos de reformas, e já houve um aumento muito grande da confiança, do investimento e do consumo”, argumentou Meirelles. “Temos uma conjugação de fatores positivos.”
 
Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, até a última quarta-feira, quando o senador Romero Jucá (PMDB-RR) declarou que os presidentes do Senado e da Câmara haviam feito um acordo para adiar a votação da reforma para o ano que vem, o mercado via uma janela de possibilidade de aprovação ainda este ano. Zeina não conta que a reforma seja aprovada em 2018.
 
Governo deixa reforma da Previdência para fevereiro e cede à pressão de servidores “O governo tem mantido essa ‘cenoura’ para atrair o mercado, mas isso também é perigoso, porque o investidor vai se cansando. Se o governo não acredita na aprovação da reforma, é melhor não prometê- la.” Na avaliação do economista Mauro Schneider, da MCM, o que ainda pode jogar a favor da reforma é a consolidação da recuperação da economia. “Avançar nessa agenda de reformas é uma parte das Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente, Michel Temer, tentam convencer os deputados sobre a votação ainda este ano
 
 Governo já dava sinais de que adiaria decisão sobre reforma da Previdência “Pior do que não passar em 2018 é não passar nem em 2019. Seria mortal para a evolução da economia. O impacto maior no ano que vem viria dos preços de ativos, que ficariam mais voláteis, e com as agências de classificação de risco baixando a nota do Brasil. Se eu estivesse nas agências, baixaria duas notas, para sinalizar o que significa não mudar a Previdência”, diz Sergio Vale, da MB Associados.
 
Vale lembra que a não aprovação do texto comprometeria a estrutura de gastos públicos. “É uma pena que os congressistas ainda não entenderam que não é uma questão eleitoral. É um tiro de metralhadora no pé.” Confirmada ou não a perspectiva de um crescimento menor do País no ano que vem, caso a reforma não seja aprovada, 2018 será um ano de forte oscilação na Bolsa, avalia Thiago Xavier, da Tendências Consultoria.