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16 de Dezembro de 2015

Procura por cursos de Engenharia tem crescido entre mulheres

A engenheira química Ana Carolina Viana decidiu que o lugar dela era dentro de uma indústria. Mais de 15 anos depois de entrar na universidade, onde a maioria dos seus colegas era do sexo masculino, a engenheira vê um ambiente bem diferente ao olhar para a unidade industrial da qual é diretora na Braskem, uma das maiores produtoras de resinas termoplásticas do mundo, no Polo de Camaçari, na Bahia.
 
“Na minha época, eram 5 ou 6 mulheres no máximo, numa turma de 40 alunos. Hoje, quase metade da minha equipe é de mulher e isso tem evoluído. Nossos processos de seleção têm percebido essa presença feminina maior. Isso é caminho natural do desenvolvimento, e as carreiras têm aspectos relacionais e técnicos maiores”, afirma Ana Carolina.
 
As mudanças nas relações de trabalho e no próprio sistema de educação são responsáveis por aumentar a participação das mulheres nos cursos de engenharias e no mercado de trabalho. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2000, as mulheres representavam 19% do número de matrículas nos cursos de Engenharia. Já em 2011, o índice passou para aproximadamente 30%. Se hoje elas já são maioria entre estudantes que chegam às universidades todos os anos, em torno de 55%, não deve demorar para mudar também a cara das indústrias.
 
Histórico - Na Bahia, o número de engenheiras é de 5.751, o equivalente a 17% do total de engenheiros, segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-BA). “Acho que a prevalência tem muito a ver com o histórico, mas vemos nos detalhes como isso tem se transformado”, defende Ana Carolina. Para a engenheira Aline Milani Medeiros, gerente de produção da Braskem, o universo dominantemente masculino tem ficado cada vez mais congelado no passado. Para ela, quanto mais chances, maior será a presença feminina.
 
“A gente tem de, cada vez mais, mostrar que isso vem mudando para estimular as mulheres a buscar esse caminho. Talvez existam pessoas que acreditam que o universo da indústria é masculino e acabem desistindo de tentar”, defende Aline. As transformações começam a ser implementadas nas pequenas e grandes empresas.
 
Na Braskem, onde Ana Carolina trabalha, a mudança na política de gestão dos funcionários foi decisiva para colocar em prática um termo cada vez mais usado para tratar de homens e mulheres na sociedade: equidade, onde ambos os gêneros são tratados de forma justa, de acordo com cada necessidade.
 
“Equidade não é diferenciação para fortalecer as mulheres, mas pensar em quais ações podemos pensar para garantir que as oportunidades sejam as mesmas. Quando você permite que isso aconteça, você dá as mesmas oportunidades, sem perder a meritocracia”, defende Ana Carolina.