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Setor da Construção
17 de Junho de 2020
Plataformas ajudam loteadoras, construtoras e incorporadoras na venda online
Os mercados imobiliário e da construção civil brasileira foram impactados pela pandemia do coronavírus e passam a apostar na transformação digital para gerar novas oportunidades de negócios. A atuação online, além de dar mais competitividade ao negócio, possibilita as vendas de loteamentos 100% digital. Trata-se, ainda, de uma tendência que se confirmando, uma vez que permitirá a realização de escrituras online, como autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça.
Sobre o aumento as vendas com auxílio da tecnologia, Carlos César Pinheiro da Silva, advogado e coordenador estadual da Comissão de Desenvolvimento Imobiliário do CRECI São Paulo, explica que o uso de aplicativos pode ampliá-las e reduzir a queda nas vendas do setor imobiliário como um todo em até 30%, abrindo a possibilidade de reduções ainda maiores na gestão de imóveis de alto padrão.
“O uso de plataformas e aplicativos facilitam o trabalho de quem atua na área e geram uma nova experiência ao consumidor final, já que permitem conhecer e comprar os imóveis em poucos cliques, de forma totalmente virtual. As incorporadoras estão percebendo que as pessoas que adquirem imóveis podem negociar online com a ajuda de bons corretores”, avalia.
O engenheiro Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o uso das plataformas representa uma forma de diminuir as perdas. “Os tours virtuais e outros métodos serão cada vez mais importantes até para o cliente selecionar imóveis”, ressalta, embora saliente que o mercado ainda é muito dependente da presença física. “As vendas digitais estão sendo feitas, mas ainda não são suficientes”, disse.
Filão
Esse filão de negócio é justamente onde atua Fabio Matsunaka, cofundador da startup Terravista, que desenvolve soluções digitais especializadas para incorporadoras e loteadoras, e que cresceu 40% no período, alcançando 25 mil lotes gerenciados pela plataforma. A empresa oferece soluções de gestão financeira, de vendas e de prestação de contas para incorporadoras e loteadoras com atuação em todo o país.
O setor, segundo ele, está se reinventando. “O mercado está em momento de grande mudança e não é diferente no setor imobiliário. Apesar da resistência ao uso da tecnologia, a pandemia escancarou um processo de quebra de paradigma. É preciso se modernizar para ter competitividade. Por isso precisamos de boas práticas tendo a tecnologia como um forte aliado”.
Mudança
O crescimento da Terravista pode ser explicado pelo modelo de negócios. A empresa oferece às incorporadoras uma plataforma de loteamentos digital, que permite o controle do empreendimento em apenas poucos cliques. Com os servidores em nuvem, às informações podem ser acessadas de qualquer lugar com internet.
Através do aplicativo, é possível controlar as equipes de venda, reservas de lotes, geração de propostas e a emissão de contratos. Além disso, é possível fazer o controle do fluxo de caixa da incorporadora e empreendimentos de forma integrada, simplificando a gestão financeira do loteamento ao lote.
As informações podem ser distribuídas de forma clara, resumida e direta, otimizando o tempo, melhorando o processo de tomada de decisão e prestação de conta. A plataforma permite ainda a emissão, acompanhamento de entrega e recebimento de contratos, além da emissão de boletos bancários, gerando arquivos de remessa e retorno.
Avaliação
Pinheiro da Silva ressalta ainda que o uso da tecnologia já está impactando o negócio de outra forma. “Meu caso é um exemplo. Estou saindo de um escritório de 180 metros quadrados e indo para um de 40 metros quadrados, com custo cinco vezes menor e mantendo o mesmo atendimento. O uso das plataformas permite que isso ocorra e essa será uma tendência”, conta.
Essa mudança deve impactar os negócios, já que o setor perdeu mais de 66 mil postos de trabalho em abril, segundo dados do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados referentes a abril. “Temos um potencial de geração de empregos, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas, que pode chegar a 7,5 milhões por ano, se tivermos uma economia ativa”, afirma França.
Para Pinheiro da Silva, as empresas do ramo imobiliário devem se reinventar, pois viram que não estavam preparadas para situações de exceções. Agora é hora. "Os processos de aprovação estão, de certa forma, prejudicados. As empresas estão fazendo retificações de registro, estudos de áreas, reformulação de minutas de contratos para adequação da nova realidade jurídica dos loteamentos com controle de acesso. É o momento ideal de usar o tempo para planejar um novo modelo de negócios"
Matsunaka concorda. Segundo ele, o momento complexo do setor pode significar um impulso para a mudança e as plataformas online podem representar um ganho para os empresários, especialmente para agilizar e controlar melhor os processos. “Nesse momento, precisamos ter dados e total transparência. É um momento de fazer diferente usando a tecnologia como meio e fim”, enfatiza. “Uma forma de se tornar mais competitivo é realizar as vendas de loteamentos 100% digital, por meio da plataforma”, conta.