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Geral

08 de Junho de 2015

Desemprego ganha força e é mais forte na construção civil

Com dez anos de experiência e mais de dois anos no quadro de funcionários de uma construtora de porte nacional, o técnico em segurança do trabalho Antônio Jorge Araújo, 41 anos, lembra do último dia 15 de abril como se fosse ontem.  Foi nesta data que ele passou a integrar a estatística do número de desempregados na Bahia, que, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, já ultrapassa a marca de 841 mil pessoas nos três primeiro meses do ano - 10 mil a mais do que o mesmo período de 2014. “Nós sabemos que podemos ser demitidos a qualquer momento, mas a verdade é que nunca achamos que isso vai acontecer com conosco”, disse,
 
Araújo é um dos 61.826 profissionais de carteira assinada que, pelo reflexo da crise econômica, perderam o emprego na Bahia em abril, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).  Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado no dia 22, a construção civil foi o setor mais impactado negativamente no primeiro quadrimestre de 2015, com 41.851 admissões contra 52.249 desligamentos, um saldo negativo 10.398 postos de trabalho. O quadro piora nos últimos 12 meses, cujo saldo negativo pula para 18.337, colocando o setor no topo do ranking dos que mais demitiram este ano.  Motivos para isso não faltam.
 
O baixo crescimento do país, com queda de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, a falta de investimentos e o enfraquecimento da confiança dos empresários estão se refletindo no mercado de trabalho, tendência que deve se intensificar ao longo do ano, segundo os especialistas. “Em uma fase ruim da economia é preciso reduzir custos. Primeiro, diminui-se a produção. Se não der certo, aí vem o desemprego.”, afirma o coordenador de pesquisa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Roberto Pereira.  O presidente do SINDUSCON-BA, Carlos Henrique Passos, explica que esse cenário desfavorável no segmento não é uma particularidade da Bahia. “Estamos vivendo um momento difícil no país inteiro. Desde o início de 2014 o setor vem perdendo emprego. Inicialmente, com o mercado imobiliário, que reduziu, e muito, o número de lançamentos”.
 
Perspectiva - O atraso nas obras do programa Minha Casa, Minha Vida, que terá uma redução de 30% nos investimentos em todo o país este ano, também reflete negativamente, garante o dirigente do SINDUSCON-BA.  “O governo federal não vem pagando regularmente. A empresa que não tiver capital de giro terá que reduzir ou paralisar obras. Isto vai gerar mais demissões”, avisa Passos, informando que, na Bahia, há cerca de 40 mil trabalhadores nas obras do programa federal.  E, se depender da perspectiva, o cenário do próximo semestre não será diferente. Para Roberto Pereira, da SEI, este ano realmente será difícil para todos os setores do mercado de trabalho, principalmente, para a construção civil, comércio e serviços. “O aumento da taxa de juros dificulta o crédito produtivo e aumenta o crédito financeiro”, analisa e lembra que, na Bahia, o fechamento do Estaleiro Enseadaresultou em quase sete mil trabalhadores demitidos entre novembro e fevereiro.