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Economia

23 de Janeiro de 2018

BNDES quer emitir letras de crédito imobiliário para pagar à União

O BNDES pediu autorização do BC (Banco Central) para entrar no mercado de letras de crédito imobiliário, um tipo de título de renda fixa mais conhecido pela sigla LCI. Com o novo produto, espera-se um reforço no caixa, que, segundo o banco, atualmente não tem suporte financeiro para devolver R$ 150 bilhões para a União.
 
Hoje, o BNDES não pode operar nesse segmento.
 
Pelas regras vigentes, a LCI é um papel do mercado imobiliário. Os bancos privados utilizam esses títulos especificamente para levantar dinheiro, a baixo custo, para dar crédito habitacional.
 
Na proposta que enviou ao BC, porém, o BNDES inclui um pedido adicional: que o recurso que ele captar com a LCI possa ser direcionado a empréstimos para investimento.
 
As emissões de LCI do BNDES teriam como garantia empréstimos de empresas clientes que deram imóveis como aval para as operações.
 
O diretor da Área Financeira e Internacional do banco, Carlos Thadeu de Freitas, disse à Folha que o BNDES pode levantar de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões neste ano. Considerando o número de imóveis que estão como garantia para o banco, o potencial chegaria a R$ 30 bilhões –16% do mercado de LCI, hoje em R$ 185 bilhões.
 
Para Thadeu, as emissões neste ano seriam reduzidas porque boa parte do tempo será gasta para colocar de pé a emissão. "O BC está demorando em dar resposta ao BNDES sobre a viabilidade da operação porque não quer que o
BNDES concorra com outros bancos", diz Thadeu. "Mas tende a aceitar, e o BNDES quer fazer."
 
Procurado pela reportagem, o BC disse que não comentaria. A Folha apurou que a proposta tem resistência de técnicos do governo, que temem a concorrência do BNDES sobre o setor privado em um mercado que alimenta o crédito habitacional.