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Notícias



Setor da Construção

20 de Março de 2015

Trabalhadores da Fiol protestam em várias cidades contra demissões em massa

Trabalhadores das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) fizeram protesto com paralisação de um dia por conta de uma demissão em massa esta semana. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav), foram demitidos 1.150 trabalhadores. Os atrasos de pagamento da estatal Valec, ligada ao Ministério dos Transportes, ameaçam o andamento da obra. Sem receber do governo nos últimos meses, por causa do ajuste fiscal imposto pelo Ministério da Fazenda, alguns consórcios ameaçam desmobilizar os canteiros de obras e demitir os funcionários do projeto - que vai ligar Barreiras, no Oeste da Bahia até Ilhéus, no litoral, inaugurando uma nova rota de exportação.
 
O primeiro a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa. Entre segunda e terça-feira, a empreiteira demitiu 700 funcionários que trabalhavam nos 100 quilômetros (km), entre as cidades de Manuel Vitorino, Jequié, Itagi e Aiquarara, na Bahia. Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários.  A construção da ferrovia está dividida em oito lotes, entre Barreiras e Ilhéus, na Bahia, num total de 1.022 quilômetros. A Constran, responsável pelo lote 6, confirmou em nota que, por causa dos atrasos nos pagamentos, teve de reduzir o ritmo das obras, mas que ainda continua com o mesmo número de funcionários. “Os trabalhadores estão realizando apenas atividades secundárias e de manutenção.” A Valec nega paralisação na construção, mas não comenta as demissões.
 
O sindicato diz que todos os lotes, do 1 ao 7, tiveram trabalhadores demitidos. O motivo seria o atraso nos repasses do governo às empresas, justificado pela Casa Civil pelo atraso na aprovação da Lei do Orçamento Geral da União para 2015. Operários demitidos e colegas ainda empregados fizeram um protesto de caminhada no centro da cidade de Jequié. Também houve protestos nas cidades de Brumado, Guanambi, São Desidério e Santa Maria da Vitória, onde ficam outros lotes da obra.
 
Prejuízo - Para o superintendente de estudos especiais da FIEV, Marcos Emerson Verhine, o atraso nas obras da Fiol significa prejuízo para vários setores, entre os quais destaca como os mais afetados o escoamento do minério de ferro e da produção agropecuária do Oeste baiano. “A Fiol é um investimento muito importante para dinamizar o escoamento da produção e deve trazer diversas vantagens como a redução do custo do transporte de insumos e a implantação de novos polos agroindustriais e de exploração de minérios, aproveitando seu trajeto. É um investimento fundamental que melhoraria a logística e tornaria alguns produtos baianos mais competitivos”, argumenta.