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Notícias



Setor da Construção

09 de Outubro de 2015

Setor de construção civil estima que haverá 500 mil demissões

O presidente da CBIC, José Carlos Martins, estima que haverá 500 mil demissões no setor em 2015. Ele participou ontem (07), da comissão geral no Plenário da Câmara dos Deputados que discutiu a crise na construção civil. Conforme ele, cerca de 2 milhões de pessoas perderão sua fonte de sustento. “Se não perdêssemos os 500 mil empregos, daríamos contribuição à Previdência de R$ 4 bilhões”, disse. Segundo ele, os resultados deverão provocar queda de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Martins disse que o governo trabalha com o imediatismo e o setor apresenta resultados em longo prazo. Ele criticou o corte no orçamento destinado ao setor e destacou que o orçamento básico da União de 2015 prevê apenas 2,5% dos recursos para obras e investimentos. “O ajuste fiscal é feito com corte de investimentos e aumento de tributos; os dois nos impactam e nos prejudicam”, salientou.
 
Falta de políticas públicas - O deputado João Henrique Caldas (SD-AL), que propôs o debate, chamou a atenção para a falta de políticas públicas para o setor que é a mola propulsora do desenvolvimento do País, uma vez que gera 3 milhões de empregos e é responsável por 10% do PIB. “Quando o setor vai mal, toda uma cadeia produtiva sofre junto”, disse. JHC afirmou que contratos antes firmados não estão sendo cumpridos pelo governo e ressaltou os atrasos em pagamentos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida (MCMV). O presidente da Comissão de Obras Públicas da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge, criticou os cortes no PAC e destacou que o investimento em infraestrutura poderia gerar crescimento para o País.
 
O presidente do SINDUSCON de Porto Velho, Maurílio Vasconcelos, fez apelo pela continuidade do MCMV. “O setor que mais emprega neste País está na UTI”, concordou o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), lembrando que o setor emprega pessoas com baixa escolaridade. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em discurso lido no Plenário, observou que não só há menos pessoas trabalhando no setor, mas que o ganho dos trabalhadores diminuiu. Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), o setor passa por uma crise de credibilidade, assim como o governo, por conta do envolvimento de muitos empresários em acusações de corrupção. O deputado André Moura (PSC-SE) disse que é preciso ter cuidado para não marginalizar o setor, prejudicando financiamentos, já que não é todo o setor que está envolvido em esquemas de corrupção.
 
Burocracia - O presidente da Associação Sergipana dos Empresários de Obras Públicas e Privadas, Luciano Barreto, salientou que a maioria das obras no Nordeste são executadas com recursos federais. Segundo ele, há recursos disponíveis para obras em muitos estados da região, que não são liberados por conta de entraves burocráticos. Barreto defendeu reforma na Lei de Licitações (8.666/93) pelo Congresso, proposta defendida também pelo presidente do SINDUSCON-PR, José Eugênio Gizzi. “Temos que evoluir para um patamar que contrate para o Estado o melhor preço, e não o menor”, disse, destacando que hoje não se observa a qualidade dos projetos.

O presidente da ADEMI-AL, Paulo Jorge Nogueira, acredita que o momento é de rever a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Para ele, o fato de ter havido mais de 3 milhões de causas trabalhistas só no ano passado mostra que há algo errado nas relações de trabalho no Brasil. O presidente do SINDUSCON-DF, Luiz Carlos Botelho, defendeu a terceirização do trabalho como essencial para a construção civil. Para ele, a terceirização deve ocorrer nas atividades meio e fim. Botelho cobrou do Congresso que legisle sobre o tema, mas criticou o projeto de lei sobre terceirização aprovado pela Câmara e em tramitação no Senado (PL 4330/04). “Há um desvio de objetivos no projeto, que vai prejudicar a construção civil”, apontou.