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18 de Março de 2015
Sem pagamento, empreiteiras ameaçam paralisar obras da Ferrovia Oeste-Leste
As obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) estão ameaçadas de nova paralisação e demissões em massa por falta de orçamento. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (Sintepav-BA) confirmou, ontem (17), a demissão de 700 trabalhadores dos 848 que atuam no Lote 2 da obra, com canteiro localizado no município de Ipiaú. A obra já acumula 1.3 mil demissões em todo o estado e o número pode chegar a 5.868 trabalhadores dispensados, somando-se todos os lotes que passam por problemas. As demissões na Fiol demonstram o agravamento de uma crise que vem afetando os empregos no setor de obras públicas na Bahia.
Entre janeiro e fevereiro deste ano foi a Enseada Indústria Naval, responsável pelas obras do Estaleiro Paraguaçu, em Maragogipe, que demitiu mais de quatro mil trabalhadores e encerrou as atividades do consórcio com 82% das obras de implantação concluídas. De acordo com o presidente do Sintepav-BA e deputado federal Bebeto Galvão (PSB-BA), a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes responsável pelas obras, não tem feito os repasses às subcontratadas. “Estima-se que a Valec tenha deixado de repassar entre R$ 180 e R$ 200 milhões a estas empresas”, afirma.
Prejuízo - Com 1.527 quilômetros de extensão, dos quais 1.100 km passam pela Bahia, as obras da Fiol integram o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, com investimentos estimados em R$ 6 bilhões. A Fiol vai ligar Ilhéus, na Bahia, a Figueirópolis, no estado do Tocantins. A expectativa é que a linha férrea seja interligada ao Porto Sul, em Ilhéus, para o escoamento da produção agrícola do Oeste baiano, além de fertilizantes, combustíveis e minério de ferro. Para o superintendente de estudos especiais da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Marcos Emerson Verhine, o atraso nas obras da Fiol significa prejuízo para vários setores, entre os quais destaca como os mais afetados o escoamento do minério de ferro e da produção agropecuária do Oeste baiano. “A Fiol é um investimento fundamental que melhoraria a logística e tornaria alguns produtos baianos mais competitivos”, argumenta.
Orçamento- Segundo o coordenador executivo de Infraestrutura e Logística da Casa Civil da Bahia, Eracy Lafuente, a falta de recursos para continuidade das obras da Fiol é justificada pelo atraso na aprovação da Lei do Orçamento Geral da União para 201. “Esse pode ser um dos problemas que fazem com que o ritmo da obra desacelere um pouco, mas não significa a interrupção”, diz. Sobre as demissões ligadas às obras da ferrovia, Lafuente afirma que estão relacionadas à substituição de alguns trabalhadores por outros de acordo com a demanda. “Uma obra de infraestrutura tem diversas etapas e trabalhadores diferentes para cada uma. A informação que tenho é que o que está ocorrendo são ajustes nesse sentido.”