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17 de Junho de 2015

Os gargalos de infraestrutura podem virar o motor de crescimento?

Em época de ajuste fiscal e desaceleração econômica, parece não haver uma solução simples para sair da crise no curto prazo. Para o governo, a aposta para a retomada é a infraestrutura, como ficou claro no lançamento do Programa de Investimentos em Logística (PIL). Presente no evento Diálogos Capitais: Infraestrutura, promovido por CartaCapital na segunda-feira (15), em São Paulo, o ministro da Secretaria de Portos, Edinho Araújo, detalhou como o governo quer transformar deficiências históricas brasileiras em soluções. "O Brasil possui gargalos de infraestrutura que dificultam a atividade econômica. Ao investir na solução desses problemas, melhoramos nossa competitividade no longo prazo e movimentamos a economia com obras", disse o ministro. Para tanto, o PIL, anunciado na dia 9, é peça-chave.
 
Essas obras precisam ter foco, avaliam autoridades e especialistas presentes no evento. Atualmente, o Brasil possui uma grande desigualdade regional de infraestrutura, cujos reflexos são o encarecimento dos produtos e a redução da competitividade brasileira no cenário internacional. A situação do agronegócio, principal motor do PIB nos últimos tempos, deixa isso claro. Nos últimos 50 anos, o agronegócio expandiu sua fronteira agrícola em direção ao norte do País, que é carente de infraestrutura. "No Brasil, gasta-se quatro vezes mais no transporte de produtos do que os Estados Unidos e Argentina", afirma Luiz Antônio Fayet, consultor em logística da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Estimativas indicam que o problema só tende a crescer se o diálogo entre governo e iniciativa privada não se fortalecer.
 
Segundo as projeções da CNA, até 2020 o Brasil deve superar as exportações de alimentos dos Estados Unidos e assumir a liderança global do agronegócio. No entanto, para que isso aconteça, alguns entraves devem ser solucionados. "Por incapacidade de arcar com os custos de transporte, o Brasil deixou de produzir 4 milhões de toneladas de soja e milho em 2014", afirma Fayet. "Ao gastar bilhões com transporte, deixamos de reinvestir esse dinheiro em produção e na economia interna". Para ele, a solução passa primeiro pelo investimento na distribuição da infraestrutura pelo território nacional. "É preciso melhorar o escoamento regional dos produtos. O Brasil só tem a crescer, mas precisa fazer modificações em sua matriz de transportes", defende.
 
O discurso do dirigente da CNA parece alinhado com os projetos do governo, a julgar pelas características iniciais do Programa de Investimentos em Logística. Os projetos de ferrovias incluídos no PIL somam R$ 86,4 bilhões, mais do que rodovias (R$ 66,1 bilhões), portos (R$ 37,4 bilhões) e aeroportos (R$ 8,5 bilhões). Apresentado por Dilma Rousseff como "grande aposta para o crescimento do país", o PIL é um contraponto ao criticado ajuste fiscal. "O ajuste fiscal não é meta de governo, mas um caminho. Após termos um maior equilíbrio nas contas, podemos reorganizar os investimentos para áreas que temos deficiências e que trazem maior competitividade para nossa economia", afirma o ministro Edinho Araújo.