Obras do Minha Casa II vão atrasar na Bahia

Enquanto o governo prepara o lançamento da terceira etapa do programa Minha Casa Minha Vida, construtoras contabilizam prejuízos causados pelos atrasos nos pagamentos das obras contratadas diretamente pela União. Com os repasses realizados na semana passada, referentes a faturas vencidas no dia 20 de fevereiro, as empresas passam a amargar entre 20 e 30 dias de atraso no pagamento. O resultado, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Henrique Passos, é que as obras são tocadas com menos operários e já estão com o cronograma comprometido. “Ninguém toca estas obras como antes. As empresas estão mais cautelosas e diminuindo sua exposição ao risco”, atesta. “Sem certeza de quando o pagamento irá chegar fica difícil até pegar empréstimo no banco”, complementa. Passos diz que o programa é bom e a nova etapa bem-vinda, mas afirma que a prioridade do governo deveria ser a regularização do fluxo de pagamento às construtoras das obras já contratadas e em execução.
 
Estado demora 75 dias para pagar - A situação das construtoras que executam obras contratadas pelo governo do estado é pior. A média de atrasos no pagamento é de 75 dias. O cálculo é da Câmara de Obras Públicas do Sinduscon. “Se o repasse de uma obra contratada diretamente pelo governo federal atrasa, imagina uma que é fruto de convênio?”, questiona Ubirajara Índio Ceará, presidente da Câmara. “Hoje, quase todas as obras são fruto de convênio e contam com recursos federais, que atrasam”, explica. Segundo ele, as obras que estão em andamento na Bahia operam, no máximo, com 20% de sua capacidade. “Há obras paradas. Não posso dizer quais pois cabe a cada empresa expor seus problemas”, fala. As obras que mais sofrem com a demora no pagamento são, segundo o Sinduscon, as de infraestrutura, estradas, saneamento e mobilidade urbana. Diante do cenário, Ceará é categórico:  “Os prazos de todas as obras já estão prejudicados. Não vão ser cumpridos”.