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Geral

15 de Outubro de 2015

Juiz Sérgio Moro cobra ética nas empresas em palestra a empreiteiros

O juiz federal Sérgio Moro disse a empresários do setor da construção que cabe às empresas garantir que haja ética nas relações entre as companhias que dirigem e servidores do poder público, com os quais eventualmente precisam lidar. A declaração foi feita durante uma palestra ontem (14), no SINDUSCON-PR, em Curitiba. Moro é o responsável pelas investigações da Operação Lava Jato. Em novembro de 2014, partiu dele a ordem de prisão de vários empreiteiros que mantinham contratos com a Petrobras. Em junho último, ordem de prisão emitida por ele, colocou na cadeia o dono da Odebrecht, maior empreiteira do país.
 
Para Moro, a mudança na imagem do setor, várias vezes associada a negociações suspeitas com o poder público, deve partir dos próprios empresários. "A quem é solicitada uma vantagem indevida, há a possibilidade de dizer não. É importante que isso seja feito não só individualmente, mas de uma perspectiva coletiva, para evitar que aquela que diz sim, que resolve efetuar o pagamento, obtenha uma vantagem competitiva em relação aos que disseram não", disse o juiz. Moro defendeu que as empresas se organizem para evitar as práticas desleais de concorrência.
 
Moro defendeu que as empresas criem um código para punir as companhias que se utilizem de atos ilícitos para atuar no mercado. Durante a palestra, ele negou que a atual crise econômica tenha sido provocada pela Lava Jato. Desde 2014, algumas das grandes empreiteiras envolvidas fizeram pedidos de recuperação judicial e demitiram funcionários. "É absolutamente falsa a afirmação de que o combate à corrupção prejudica a economia. Pelo contrário, vai favorecer um ambiente de negócios mais limpos, vai diminuir os custos da corrupção", diz. Ele criticou o governo e o Congresso em relação às mudanças nas regras de combate à corrupção.
 
"É o momento de clareza, necessária para alterarmos o nosso sistema, para que esses problemas não se repitam no futuro. Ou nós vamos esgotar o potencial de trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do Judiciário nesse caso, apenas para daqui a cinco ou 10 anos reavivarmos essas experiências, eventualmente, até de uma maneira mais terrível?", questiona. Além do juiz, participou do evento o procurador da República Roberson Pozzobon, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal nas investigações da Lava Jato. Os dois foram homenageados e receberam um prêmio pelo trabalho desenvolvido à frente da operação.