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Política

09 de Setembro de 2014

Fim do crédito direcionado ameaça casa própria

"Reformularemos o mercado de crédito de tal forma que, gradualmente, se eliminem os direcionamentos obrigatórios."

O trecho está na página 61 do programa de governo da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva.

E é dessa forma, com discrição e economia de palavras, que o documento propõe nada menos do que o fim do crédito direcionado no país.

Por destinação, o crédito no Brasil pode ser livre, concedido a critérios exclusivos dos bancos, e direcionado, aquele que as instituições financeiras são obrigadas, por lei ou regulamentação, a aplicar em determinadas linhas, com taxas subsidiadas.

Trata-se de um mecanismo institucional do Estado para garantir a certos segmentos, por conta de sua importância social, condições de financiamento favoráveis.

Assim, hoje, 25% dos depósitos à vista vão obrigatoriamente para o crédito rural; 65% do que entra na caderneta de poupança destina-se ao financiamento imobiliário e 2% dos depósitos à vista rumam para o microcrédito. Além dos recursos do BNDES.

Com a proposta de Marina, os bancos não estariam mais obrigados a dirigir crédito para o setor agrícola ou para o financiamento da casa própria. 

O economista André Biancarelli, professor da Unicamp, surpreendeu-se com a proposição:

"Acabar com a exigibilidade do crédito é deixar esses segmentos à mercê da lógica do mercado. O argumento seria de que a própria concorrência levaria a menores juros e condições mais favoráveis, mas é preciso considerar que o sistema financeiro brasileiro se organiza como um oligopólio", criticou.

"Por sua importância para a economia, defendo que pelo menos o crédito imobiliário e rural tenham condições favorecidas", disse.