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Notícias



Setor da Construção

07 de Janeiro de 2016

Empresários baianos aprovam PAC imobiliário, mas apontam desafios

Com 50% de capacidade ociosa e baixo nível de lançamentos imobiliários, o setor da construção civil baiana vê com bons olhos a proposta em gestação no governo federal de buscar a volta do crescimento brasileiro via fomento à construção civil e em moldes semelhantes ao PAC. Porém, os desafios são grandes, necessitando de mudança tanto dentro do setor, como na economia de uma maneira geral, a exemplo da retomada do emprego e redução dos juros.
 
“A construção civil respondeu bem quando foi chamada”, frisa o presidente do Sindicato da Indústria da Construção (SINDUSCON-BA), Carlos Henrique Passos. Dos 230 mil contratados em 2008, hoje a área emprega na Bahia 150 mil trabalhadores, reflexo da alta ociosidade. O desemprego geral do setor preocupa o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-BA), Samuel Prado. “O brasileiro, quando compra o imóvel, não pensa muito no que ele vai pagar durante os 20 anos, mas se isso vai caber no orçamento. Quando se perde o emprego, a possibilidade de desistência (do imóvel) existe”.
 
A projeção da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), é que a Bahia tenha desligado um total de 90 mil profissionais durante todo o ano passado. Dados divulgados nesta semana pela FipeZap, o preço médio de venda dos imóveis terminou o ano de 2015 com alta de 1,32%, uma queda real de 8,48% quando descontada a inflação. Mesmo com preços mais convidativos, segundo relato de Samuel Prado, o setor teve queda na Bahia. Os corretores só não tiveram mais dificuldades porque lançaram mão de promoções, oferecendo Imposto de Transmissão, condomínio e até armários gratuitos.
 
Volta a 1999 – Segundo o diretor de Marketing da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-BA), José Azevedo Filho, a projeção é de que em 2015 todo o setor tenha vendido cerca de 7,5 mil unidades, número semelhante ao de 2013 e 2014 – o mercado contudo tem forte influência no programa Minha Casa Minha Vida. Sua preocupação está no baixo número de lançamentos.
 
“Até outubro do ano passado, foram 3 mil lançamentos na Bahia. Em 2014, no mesmo período, houve 2,7 mil lançamentos, mas este número já foi 17,3 mil em  2008. Os números atuais são semelhantes ao que registrávamos em 1999, frisa Azevedo. Ele explica que, como os projetos na área imobiliária são de maturação de cinco anos ou mais, a crise brasileira de 2015 não impactou nos lançamentos do período, mas deve ser sentida em 2016 e 2017.
 
Para evitar o agravamento da crise e permitir a retomada do setor imobiliário, o presidente da Ademi-BA espera pela redução dos juros e que o legislativo municipal aprove, ainda este ano, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e a Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (LOUOS) “O PDDU atual não atende ao que o setor precisa”, frisa, referindo-se a temas como as regras para construção na região da orla.
 
Já para dirigente do Creci, a retomada do setor imobiliário passa necessariamente pela mudança do crédito –  em 2015, a Caixa Econômica Federal, principal instituição do setor – aumentou as taxas três vezes e limitou o financiamento a 50% do total. “O financiamento  foi o grande percursor daquele boom imobiliário (no começo da década)”, diz. Para José Azevedo, as taxas de juros atuais têm que cair.