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23 de Janeiro de 2015

Baixo investimento aumenta risco de novos apagões no País

A falta de investimento em manutenção de linhas de transmissão e subestações de energia pode causar novas interrupções no fornecimento em momentos de pico de demanda, dizem especialistas ouvidos pelo DCI. Segundo eles, desde 2012 as restrições impostas governo ao setor elétrico tem afetado a capacidade de investimento das empresas. Com menos dinheiro em caixa, as empresas cortaram recursos para manutenção e a crescente quantidade de defeitos começa a aparecer. Esse fator, associado à maior demanda de energia - por conta do calor - e a menor capacidade de geração das hidrelétricas - devido a falta de chuvas - pode gerar novos apagões, como o que afetou 10 estados e o Distrito Federal na segunda-feira (19).
 
"A última interrupção está associada a um defeito em uma subestação. Existe hoje uma fragilidade estrutural agravada pelas restrições de recursos dos agentes do mercado que tem menor capacidade de investimento. Ou seja, há risco de haver novas interrupções de energia", afirmou o presidente da PSR Consultoria, Mário Veiga. Ainda de acordo com Veiga, o problema de manutenção é agravado pelo fato de que a oferta e a demanda de energia estão muito próximos e o nível de reserva é pequeno. Dessa forma, qualquer restrição de transmissão ou problema de geração de energia pode colapsar todo o sistema. Quando a demanda supera a oferta de energia isso diminui a frequência dos geradores. Os equipamentos não podem funcionar com uma frequência menor que a prevista porque quebram em questão de alguns minutos.
 
"Quando ocorre um problema como esse, o ONS ordena que algumas usinas sejam desligadas. O problema é que como a oferta e a demanda estão muito próximas isso implica em cortar a energia em alguns estados", explicou Veiga. O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde Castro, destaca que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão no pior patamar da história, o que diminui a oferta de energia. "Podemos ter outros apagões a qualquer momento daqui até o final de abril", afirmou. Para o presidente da comercializadora de energia Trade Energy, Walfrido Avila, "toda vez que ocorrer um pico de demanda será preocupante".
 
Racionamento - Além de possíveis apagões, especialistas estimam que as chances de ocorrer um racionamento nesse ano aumentaram por conta do baixo nível de chuvas. "Tivemos o pior nível de chuvas da história para janeiro e alguns reservatórios estão esvaziando ao invés de encher", afirmou Mário Veiga. Segundo ele, o menor nível de chuvas pode fazer com que o país entre no período seco, que começa em abril, com os reservatórios em seus níveis mais baixos na história. "Se não melhorar o nível de chuvas entraremos em abril com uma capacidade de geração muito próxima à demanda, o que pode obrigar o governo a decretar racionamento a partir de maio, junho". Para Nivalde de Castro, o governo federal poderia tomar algumas medidas de racionalização do uso de energia elétrica para sinalizar à população que é necessário diminuir o consumo. Ele defende ainda outras medidas. "Algumas indústrias poderiam dar férias coletivas para seus funcionários em março, abril. Com isso a produção cairia e o consumo de energia também", afirmou o professor da UFRJ.