Ativos refletem avanço de Dilma

A vitória da presidente Dilma Rousseff no segundo turno das eleições, no domingo, já estava incorporada ontem à tarde nos preços de 60% a 80% dos ativos brasileiros, segundo a percepção de gestores e estrategistas do mercado ouvidos pelo Valor.

Ontem, após a divulgação das pesquisas Datafolha e Ibope, o movimento de correção se acentuou.

O favoritismo de Dilma foi reforçado na véspera do último debate a ser travado com o candidato do PSDB, Aécio Neves, que se tornou um adversário muito competitivo na votação em primeiro turno surpreendendo o próprio partido.

Essas duas últimas pesquisas romperam com o empate técnico que vinha se repetindo nos dias anteriores. Em função desse avanço, o dólar já superou R$ 2,51, os juros futuros instalaram-se na casa dos 12% em todos os vencimentos, com exceção do que expira em dois meses, e as estatais perderam o piso na BM&FBovespa.


Há semanas, o mercado vem se retraindo. Gestores de investimentos evitam ativos de prazos mais longos, privilegiando dinheiro em caixa, sinônimo usual para aplicações financeiras atreladas ao CDI.
 
Cautela adicional na administração de recursos de terceiros foi imposta pela corrida eleitoral.

Não no atual estágio da disputa, mas quando o mercado apostou demais na vitória da então candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva, que foi desbancada por Aécio no primeiro turno da votação.

"Haverá um 'sell-off' [venda generalizada] com a vitória de Dilma Rousseff, mas não acreditamos que um governo Dilma 2 será tão ruim quanto o Dilma 1", diz Edwin Gutierrez, senior investment manager da Aberdeen Asset Management.

"Acreditamos que a presidente sabe que é preciso fazer algum ajuste fiscal e reconquistar parte da confiança do setor privado. Não há a expectativa de que a presidente tome medidas sequer próximas ao que se esperaria vir de Aécio Neves. Exatamente por essa razão haverá um sell-off. Os juros longos devem chegar a 13%. E podemos aproveitar para aplicar", acrescenta Gutierrez.