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26 de Abril de 2024
Simpósio de Acústica da Sobrac-NE mostra pesquisas e caminhos para um desenvolvimento humanizado
“Uma cidade que se percebe enquanto organismo vivo e pulsante, tem condições de se planejar e oferecer uma melhor qualidade de vida para seus cidadãos”, essa é a principal conclusão da arquiteta Débora Barretto, CEO da Audium e organizadora local do VII Simpósio de Acústica da Sociedade Brasileira de Acústica – Regional Nordeste (Sobrac NE). Maior evento de acústica do Nordeste em 2024, o evento reuniu, na última quinta-feira, dia 25.04, na capital baiana, profissionais de vários estados como Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e o Distrito Federal. O simpósio foi realizado na sede do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia - Sinduscon-BA, na Pituba.
O presidente nacional da Sobrac, Krisdany Cavalcante, ressaltou como as novas tecnologias trazem mudanças que estão sendo pesquisadas dentro da área de Arquitetura: “Os carros elétricos, por exemplo, trazem mudanças nos mapas acústicos – que medem os diversos tipos de ruídos - das cidades e estamos atentos a isso”. Para o vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA), esse é um exemplo de como a arquitetura está, cada vez mais, multidisciplinar. “A junção de desenvolvimento, pesquisa e conscientização, tornam uma cidade melhor e mais tranquila”, diz.
Para Alexandre Landim, presidente do Sinduscon-BA, o VII Simpósio de Acústica da Sobrac-NE ajudou a destacar a jornada acústica que o setor da construção civil descortinou. “Empresas de construção estão cada vez mais preocupadas e conscientes de como a acústica é um item positivo, necessário e o Sinduscon tem sido um elemento catalisador dessa transformação”, avalia.
Pesquisas e Novos Caminhos
Com palestras e mesas redondas, o encontro abordou a relação entre Acústica & Cidade, no turno da manhã e Acústica & Arquitetura, no turno da tarde. O arquiteto e pesquisador da UFBA, Marcelo Ferreira, falou sobre Cidade e Paisagem Sonora Cultural, que tem como principal objeto de estudo a forma como os próprios cidadãos se relacionam com o local onde vivem, dentro da sua rotina diária. Em Salvador, por exemplo, os níveis de decibéis estão acima das normas estabelecidas. Para Marcelo o simpósio é um momento para discutir novos caminhos. “Tenho certeza de que saímos daqui mais preparados para enfrentar os desafios da acústica em nosso país”, afirmou.
A pesquisadora Bianca Araújo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte falou sobre O que fazer com o ruído nas áreas habitadas? Norma, mediação e avaliação. Segundo Bianca, os Planos Diretores das cidades não levam em conta o impacto sonoro das mudanças efetuadas dentro das áreas urbanas. “Isso precisa mudar. As pesquisas mostram que cada prédio construído pode impactar até nove quadras em seu entorno. Imagine a quantidade de pessoas afetadas”, afirma.
Do Ceará, o pesquisador Gleidson Martins apresentou o projeto Auralize, um aplicativo que permite as pessoas ouvirem o som interno de um ambiente projetado com e sem elementos de acústica. O tratamento acústico de ambientes é dos temas mais relevantes. Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que 10% da população está exposta a níveis de pressão sonora que potencialmente podem causar perda auditiva induzida por ruído. “A Sobrac têm buscado conscientizar a sociedade de que ambientes acusticamente adequados impactam positivamente na saúde e na qualidade de vida das pessoas”, afirma Ítalo César Montalvão Guedes, coordenador geral da Sobrac Nordeste.
A indústria também já percebeu essa mudança de paradigma e está desenvolvendo matérias adequados para atender essa nova demanda, que tende a crescer nas próximas décadas. É o caso da empresa brasileira Trisof, que atua em mais de 100 segmentos, desenvolvendo produtos 100% recicláveis, seguros e inovadores. “Já retiramos mais de 5,5 bilhões de garrafas PET do meio ambiente. Nós praticamos a economia circular e temos total atenção com o pós-consumo dos nossos produtos”, conta Maurício Cohab, CEO da Trisoft. Ele elogiou a iniciativa de eventos como o VII Simpósio de Acústica. “Encontros como esse causam o que chamamos de ripple effect (efeitos de ondas) e propagam o conhecimento que já existe nessa área”.
Depois do encontro em Salvador, A Sociedade Brasileira de Acústica (SOBRAC) se prepara para comemorar os 40 anos da instituição. “É uma data em que vamos relembrar o caminho percorrido até aqui e os que ajudaram a construir essa trajetória”, afirma Krisdany Cavalcante.
Sobrac Nordeste