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Economia
14 de Outubro de 2019
Salvador já é a 7ª cidade mais buscada para compra de imóvel
Expectativas otimistas não faltam no mercado imobiliário baiano desde a tentativa de retomada após a crise de 2014. O que faltava era o reflexo delas nos índices de compra e procura. Uma pesquisa realizada pelo Grupo ZAP, no entanto, veio para confirmar as melhores especulações. O monitoramento da plataforma revelou que a capital baiana foi a sétima cidade brasileira mais procurada por quem desejava comprar um apartamento entre janeiro e setembro deste ano.
Uma salto e tanto, considerando que há três anos, quando os efeitos da crise ainda eram sentidos, a cidade figurava na 13ª posição no ranking. Hoje, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia, a capital baiana é a mais bem posicionado do eixo Norte-Nordeste.
Para a economista do Grupo ZAP, Deborah Seabra, um dos motivos para esse resultado está relacionado ao fato de Salvador ser uma das cidades mais baratas para quem quer comprar imóvel. “Os de luxo são muito mais caros, mas a média, comparada ao restante do país, é mais em conta”.
“E isso deve-se muito à vantagem da localização da cidade. Como ela está em uma grande faixa litorânea, na região da Baía de Todos-os-Santos, temos os imóveis mais caros, mas ao longo do restante da faixa temos imóveis mais baratos”, explica Deborah.
O resultado da pesquisa tem sido bem visto pelos representantes do mercado. O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Cláudio Cunha, por exemplo, acredita que a posição é o reflexo do que já estava sendo sentido: a recuperação do mercado.
“Os aluguéis temporários, as novas tecnologias, o aumento nas taxas de juros, que faz com que os investimentos em imóveis sejam um dos mais rentáveis, tudo isso traz novos investidores para o mercado. Este ano já tivemos quatro lançamentos, e hoje temos disponíveis 1.700 unidades, que não são do Minha Casa, Minha Vida”, revela Cunha.
Já o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos, é ainda mais otimista que a pesquisa.
“Se avaliarmos os dados de variação de preços de imóveis, fornecidos pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), percebemos que a variação do valor em Salvador é 2,29%, com relação ao ano passado. No Rio, por exemplo, o mercado não está reagindo e a variação é quase nula, 0,07%. O lógico seria essa variação ser maior se a demanda no Rio tivesse aumentado. Salvador foi a terceira com maior variação, pela mesma lógica, seria também a terceira em demanda”, defende.
Futuras posições
Passos e Cunha concordam na expectativa para as futuras posições. Ambos acreditam que a cidade pode figurar colocações ainda melhores. O presidente da Ademi, por exemplo, arrisca apostar na terceira ou quarta posição. Já Passos acredita em uma melhora mais discreta.
“Nosso mercado está voltando. Tivemos um freio nos lançamentos, nosso estoque ainda é pequeno comparado a outras capitais. Temos poucos lançamentos e o volume de financiamento também ainda é baixo. Mas já estamos sentindo uma pressão de demanda, estamos melhorando”, conta o presidente do Sinduscon.
A única cidade baiana, fora Salvador, presente na lista é Lauro de Freitas, que figura uma posição não tão boa quanto sua vizinha: das 100 cidades, ela é a 89ª em buscas para compra de imóveis.
Para o presidente da Ademi, isso é reflexo dos poucos lançamentos. “A cidade nunca teve muita disponibilidade, por isso a pouca busca”.
A pesquisa revelou também o ranking de bairros mais procurados para compra na plataforma. Pituba, Imbuí e Brotas seguem, desde 2016, no pódio dos três mais buscados. O destaque, porém, vai para o bairro Caminho das Árvores, que em 2016 ocupava a sétima colocação e subiu até alcançar a quarta no ano passado.
Segundo Cunha, os três primeiros já eram os esperados, pois “são bairros com um público específico e vida própria, onde há uma infraestrutura adequada para que o morador tenha tudo que precisa ali”. Já quanto ao melhor desempenho do Caminho das Árvores, ele defende que seja em função dos lançamentos na região e do crescente desejo de morar próximo ao trabalho.
Outro dado apresentado pela pesquisa é com relação às buscas por área privativa. Diferentemente do que acontece no eixo Rio-São Paulo, os apartamentos loft ou estúdio, os chamados ultracompactos – com metragens inferiores a 30 m² –, ainda não são tendência por aqui. Apenas 1% das buscas é direcionado a esse tipo de imóvel.
De acordo com Deborah Seabra, em Salvador ainda não há essa demanda porque o perfil da sua população é diferente. “É um tipo de imóvel comum em megalópoles, onde o estilo de vida é mais corrido”, ressalta. Mas Cunha garante que há oferta.