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Economia
07 de Julho de 2014
Os ciclos financeiros e o Brasil
O Bank for International Settlements divulgou seu relatório anual com o título de "Time to step out of the shadow of the crisis". Vale a pena ler, pela forma como analisa a crise internacional e pelo bom trabalho de pesquisa que o sustenta.
O relatório traz três mensagens principais. Primeiro, os ciclos financeiros têm vida própria, até certo ponto independente da dos ciclos econômicos.
Eles são também mais longos (15 a 20 anos, contra 1 a 8 anos nos ciclos econômicos).
Em grande parte, as últimas crises financeiras, em especial a atual, resultaram de as autoridades manejarem os instrumentos de política econômica com foco no ciclo econômico, desconsiderando seu impacto no ciclo financeiro.
Segundo, as autoridades econômicas nos países desenvolvidos estão repetindo o mesmo erro ao deixar as condições monetárias muito frouxas por tempo demais, para acelerar a alta do PIB nominal, sem atentar para seu efeito no ciclo financeiro.
A liquidez global está muito alta há muito tempo, e os juros e a volatilidade no preço dos ativos baixos demais. Isso tem levado à assunção de riscos e adiado o ajuste nos níveis de endividamento global.
A terceira mensagem do BIS é que diversas economias emergentes experimentaram um boom financeiro nos últimos anos, em grande parte fruto das políticas expansionistas dos países ricos.
Em especial, o rendimento real dos títulos públicos dos emergentes caiu de 4% no início de 2005 para 1% em maio de 2013.
Essas economias correm o risco de amargar sua própria crise financeira em um horizonte de poucos anos. Os países asiáticos parecem especialmente expostos, com destaque para a China, mas o Brasil também é citado diversas vezes com preocupação.