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Setor da Construção
06 de Dezembro de 2019
Mercado imobiliário retoma fôlego e vai fechar 2019 com crescimento de 10%
Se fosse no futebol, poderia dizer que o gol veio praticamente nos últimos minutos do segundo tempo. É que foi só no último trimestre do ano que o setor imobiliário na Bahia conseguiu ganhar novo fôlego. Com a redução das taxas de juros e aumento do acesso ao crédito, o segmento vai fechar 2019 com crescimento de 8% a 10% comparado a 2018. Foram 6.909 unidades lançadas, contra 4.790 no ano passado.
A avaliação do setor e as perspectivas para 2020 serão debatidos na 30ª edição da Convenção Anual da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-BA), que acontece de hoje a domingo, no Tivoli Ecoresort, em Praia do Forte. O evento ocorre junto com o Fórum de Líderes e Investidores do Mercado Imobiliário (FLIMI).
Com a crise na economia, houve um momento em que a Bahia chegou a registrar 17 mil unidades imobiliárias em estoque. Hoje, são apenas 6 mil, sendo 1,5 mil delas em Salvador. “Essa é a menor disponibilidade da nossa série histórica. O cenário econômico favorável fomentou o mercado e o imóvel passou a ser atrativo até para investimento”, explica o presidente da Ademi, Cláudio Cunha.
O setor espera começar 2020 embalado pelos bons resultados. Só para o primeiro semestre são estimados 27 lançamentos de imóveis. Segundo Cunha, o Salão Imobiliário foi importante para a conquista dos bons resultados este ano. É que o evento movimentou R$ 37 milhões com a venda de 74 unidades. “Tivemos lançamentos desse último trimestre que foram totalmente comercializados durante o evento. Já o empreendimento Jaguah, em Jaguaribe, que foi lançado no salão vendeu 40% das unidades”, comemora.
Além de Jaguaribe, cresceu o número de lançamentos em bairros como a Barra, a Graça e o Horto. A novidade para o ano que vem é em Stella Maris. Com o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), o bairro passará a contar com empreendimentos verticais. Cunha, no entanto, não informou de até quantos andares. Segundo ele, a definição leva em conta uma série de variáveis.
Além do PDDU, ele destaca que as grandes obras na cidade também vão ajudar a impulsionar o crescimento. “Toda a infraestrutura cria um cenário favorável para as construções imobiliárias e comerciais. As novas avenidas favorecem o crescimento do mercado imobiliário. A nova rodoviária, a ampliação do metrô, tudo isso é vetor de crescimento”, avalia o presidente da Ademi.
Menos juros
Mas, o principal responsável mesmo por esse novo momento é o cenário econômico. “Com menos juros e mais crédito o mercado vai deslanchar. Cada 1% que se reduz nos juros aumenta a capacidade de compra em torno de 10%. Uma pessoa que poderia pegar um financiamento de R$ 100 mil, passa a poder pegar de R$ 110 mil”.
Durante a convenção, eles vão discutir também temas importantes para os negócios, como crédito imobiliário. A reformulação no programa habitacional do governo federal, o Minha Casa, Minha Vida, prevista para ser anunciada ainda este mês, não fica de fora da pauta.
“É importante ter uma política de habitação de interesse social para urbanizar as cidades, reduzir o déficit habitacional e as ocupações irregulares”, defende. Segundo ele, na Bahia, a renda média de 70% a 80% da população se enquadra dentro da faixa de renda do programa. “No ano passado, representou 82% do nosso mercado”.
A convenção abre espaço também para o debate sobre o comportamento do mercado. É que, para lançar novos produtos, é necessário conhecer o perfil dos possíveis clientes. Por isso, é fundamental observar as mudanças na sociedade e de que forma isso repercute nos imóveis.
“A gente continua tendo o cliente tradicional e os novos perfis”. Como a nova legislação trabalhista permite que se trabalhe em casa, por exemplo, as construtoras passaram a investir em coworking nos empreendimentos. Ao perceber que atualmente se vive mais e se cuida mais do corpo, as academias nos prédios passaram a ser indispensáveis.
O antigo salão de festas também ficou pra trás e, no seu lugar, surgiu o espaço de convivência, que é uma área com ilha gourmet, um sofá bacana, uma boa TV. “O antigo salão de festas hoje é a extensão da sala. Saiu da fase do condomínio clube e no lugar passou a ter estruturas que incentive o relacionamento entre os moradores”.
As construtoras também se deram conta de que hoje a população passou a interagir mais com a cidade. O movimento de ocupar o centro da cidade, por exemplo, é visto com bons olhos pela Ademi. “O que leva vida para o bairro é a moradia. Aquela região hoje só tem comércio, não tem residência. Como é uma área tombada, um patrimônio histórico, tem que atender às exigências do Iphan, mais isso já é algo que ocorre no mundo inteiro”, pontua, ressaltando que os empreendimentos têm que dialogar com a cidade. “ O mercado se adequa onde há demanda. Tem público pra tudo e empreendimento para todo tipo de público”.