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03 de Outubro de 2014
Indústria: o curto e o longo prazo
A perspectiva positiva é dada pelo crescimento de 0,7% em julho e agosto últimos com relação aos respectivos meses anteriores.
Ainda não é claro o alcance do avanço, mas deve ser observado que nos cinco meses anteriores a indústria só registrou resultados nulos ou negativos.
Certas ressalvas precisam ser feitas. Pelo menos em parte, podem ter correspondência em declínios anteriores desproporcionais em função do “efeito Copa”.
É possível identificar ainda uma alta preponderância de três ramos para a formação do índice de agosto: máquinas e equipamentos, com aumento de 3,9%, indústria extrativa (2,4%), e derivados de petróleo (1,5%).
Por isso, deve ser relativizada a hipótese de que os últimos dados asseguram a volta do crescimento industrial.
Reforça essa conclusão o fato de que, segundo as categorias de uso, a evolução em agosto deveu-se exclusivamente ao melhor desempenho de bens intermediários, enquanto todas as demais tiveram índice zero (bens de capital) ou negativo (bens de consumo durável e bens de consumo semidurável e não durável).
Também não se deve perder de vista que mesmo com as melhores taxas de crescimento, no acumulado de janeiro a agosto, o progresso da indústria é muito ruim: queda de 3,1%, com destaque para bens de capital (-8,8%), denotando o forte retrocesso do investimento, e bens duráveis (-10,3%), por influência da crise da indústria automobilística.
Isso significa dizer que podermos ter em 2014 a reprodução de um ano tão desfavorável à indústria quanto foi 2012, quando a produção recuou 3,2%.
É possível também traçar um panorama de mais longo prazo da trajetória do setor tomando o período pós crise mundial desencadeada em setembro de 2008.
Nos seis anos que se passaram a produção recuou 4,4%, sob a liderança de bens de consumo duráveis (-20,2%) e bens de capital (-11,4%).