Notícias
Mercado
18 de Junho de 2014
Gastos extras tiram competitividade das PME frente às gigantes do setor
O alto custo para construir no País, que avança impulsionado pela inflação e na contramão da queda no valor do metro quadrado do imóvel, verificada nos últimos meses, aponta para um cenário desafiador para construtoras.
Além da alta nos gastos, o alto valor pago para licenças públicas e a morosidade das decisões podem impactar em até 12% o preço do imóvel.
Entre as pequenas e médias, esse valor pode saltar para 18%, tirando a competitividade do empresário menor.
"É uma situação delicada. Em um cenário de acomodação do preço do imóvel e equilíbrio entre oferta e demanda nas principais capitais, o valor gasto com taxas, impostos e, principalmente, a morosidade e falta de clareza judicial encarece, e muito, o valor da obra", diz o presidente da mineira Construminas, Robson Lira.
Na opinião do executivo, as empresas menores sofrem mais com as taxas, em função de um contingente menor de trabalhadores, além de falta de caixa para pagamentos extras.
"Às vezes o construtor precisa pagar três vezes a mesma taxa municipal, em função de mudanças na legislação. Não há clareza e padrão", diz.
O consultor imobiliário e professor de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná, Carlos Alberto Gonçalves, destacou ainda os atrasos como decisivos para o aumento dos gastos.
"Às vezes uma obra atrasa de três a quatro meses em função de entraves burocráticos. Nesse período há gastos com pedreiros, materiais de construção e taxas".
Para tentar diminuir o impacto da burocracia dentro das obras, a ministra do planejamento, Miriam Belchior, disse que o governo trabalha para diminuir a morosidade, principalmente no programa Minha Casa, Minha Vida, mas boa parte dos problemas encontrados pelo construtor está em esferas municipais e estaduais.
De acordo com um estudo da CBIC, o custo do excesso de burocracia para construção equivale a R$ 18 bilhões por ano.
Segundo a entidade, o valor considera os financiamentos com recursos do FGTS e da caderneta de poupança, com base na média de unidades novas entregues anualmente.
O estudo aponta ainda que a burocracia aumenta o prazo de entrega da casa própria. Dos cinco anos que um imóvel financiado pelo FGTS pode levar para sair do papel, dois são consumidos pelos processos burocráticos.
Entre os principais problemas estão o atraso na aprovação dos projetos pelas prefeituras, falta de padronização dos cartórios, falta de clareza nas avaliações das licenças ambientais e mudanças na legislação que atingem obras já iniciadas, como alterações nos planos diretores e zoneamento.