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13 de Novembro de 2024

Futuro da mão de obra na construção civil

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Por Renata Aschar

A indústria da construção civil enfrenta uma das maiores crises de mão de obra, que ameaça diretamente a competitividade e a inovação no setor. Os canteiros de obras estão cada vez menos atrativos, especialmente para os jovens, e a produtividade precisa se adequar. Apesar de haver construtoras e incorporadoras que apostam em tecnologia e aprimoram seus processos, elas ainda são exceção  no Brasil.

Superar a crise de mão de obra no setor requer estratégias que considerem tanto as demandas atuais quanto os desafios futuros. As ações para superar esses problemas precisam ser feitas imediatamente. O antigo discurso de “sempre fizemos assim e funcionou” não é mais verdadeiro.

Para começar, temos o envelhecimento da nossa força de trabalho. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que a média de idade dos trabalhadores subiu de 38 anos em 2016, para 41 anos em 2024.

Enquanto os empregadores afirmam que há baixa produtividade, falta de qualificação e alta rotatividade, os trabalhadores enxergam o canteiro de obras como um ambiente pouco atraente. Adjetivos como “sujo” e “inseguro”, são apontados como os principais quando o assunto é esse ambiente de trabalho, de acordo com levantamento da Real Estate.

Qualificação e atração de novos talentos

A qualificação da mão de obra é o primeiro passo para enfrentar a escassez de profissionais. De acordo com uma pesquisa do AECWeb*, 59% dos respondentes afirmaram que as construtoras deveriam investir em capacitação para melhorar o nível técnico de seus colaboradores. Esse esforço, porém, vai além da simples qualificação: envolve também o fortalecimento da relação entre empresas e trabalhadores, em um mercado onde a “uberização” e a informalidade estão em alta.

O investimento em treinamento não só aprimora a performance individual dos colaboradores, como também contribui para a retenção de talentos, reduzindo a rotatividade que prejudica o andamento das obras. Empresas que oferecem programas de capacitação e oportunidades de crescimento tendem a manter sua equipe mais estável e engajada, o que se traduz em ganhos de eficiência e qualidade.

Isso está diretamente ligado à reavaliação de como os processos são feitos. Acompanhamento digital do canteiro de obras já é uma realidade e os efeitos são palpáveis. Construtoras que investem em tecnologias como impressão 3D e steel framing relatam redução de custos operacionais e aumento na precisão das entregas.

Digitalização e industrialização atraem mão de obra

O segundo caminho, que apresenta muitos benefícios a longo prazo, é o investimento em tecnologia. Além da urgente industrialização, com processos menos manuais, a gestão digital não é apenas necessária, mas urgente.

A digitalização permite monitorar o progresso das obras em tempo real, oferecendo maior previsibilidade e agilidade nas entregas. Isso significa menos erros, refação, perdas e atrasos. Temos como exemplo clientes do ecossistema Sienge que têm um crescimento acelerado depois de adotarem a tecnologia. O volume de informações é enorme e, por mais que planilhas ajudem, elas não conseguem dar a vazão necessária para uma visão completa do negócio.

Pensar em trazer tecnologia para os canteiros implica, diretamente, no contato com a força de trabalho jovem. As novas gerações se sentem mais confortáveis em ter  contato direto com recursos digitais. A pesquisa “True Gen” da McKinsey, por exemplo, destaca que a Geração Z valoriza empresas que adotam ferramentas digitais e permitem o trabalho remoto e horários flexíveis.

Ao mesmo tempo que a tecnologia aproxima funcionários mais jovens do setor, também aprimora a gestão por completo. Isso pode ser feito não apenas no escritório, como também no canteiro. O Sienge Plataforma, por exemplo, integra com soluções desenvolvidas pensadas para serem utilizadas em dispositivos móveis, como o Sienge Construpoint. Os resultado são: mais visibilidade sobre os processos, controle das condições de trabalho, entre outras vantagens.

Por fim, há estigmas culturais no setor que precisam ser levados em consideração. Ainda temos uma indústria muito masculina, que é conhecida pela pouca inclusão. Desenvolvemos uma pesquisa que mostrou exatamente este resultado – 77% dos respondentes afirmam ainda haver preconceito contra mulheres no setor. Se levarmos em consideração que a população feminina é maioria no país, não faz sentido afastar e perder essa força de trabalho.

A crise de mão de obra é urgente e precisa de ações imediatas. Oferecendo qualificação para os trabalhadores, fazendo investimento em industrialização e, principalmente, ferramentas de gestão integradas e inteligentes, é possível virar o jogo. Não basta fazer o mesmo e esperar resultados diferentes.

Caso queira aprofundar a discussão, te convido a participar do bate-papo que vai acontecer na Comunidade Sienge no dia 5 de dezembro.

*Pesquisa realizada em setembro de 2024, com mais de 600 respondentes, com 20,9% sendo sócios-proprietários de empresas do ramo da construção.

Renata Aschar – Diretora de Negócios do Sienge Plataforma e do GO Gestor Obras

Com mais de 20 anos de experiência nas áreas comercial, operações e sucesso do cliente, Renata é especialista em desenvolvimento de estratégias para alavancar e escalar vendas. Há 13 anos, dedica-se à liderança de equipes de alta performance, com foco no desenvolvimento humano. Sua formação acadêmica abrange Jornalismo e Desenvolvimento de Recursos Humanos. Além de ocupar o cargo de Diretora de Negócios do Sienge e do GO Gestor de Obras, atua também como professora, mentora e consultora.