Faça o login e acesse o conteúdo restrito.

Notícias



Setor da Construção

22 de Julho de 2018

Entrevista – Carlos Henrique Passos – Diretor Sinduscon-BA

Bahia Econômica – O mercado imobiliário tinha uma expectativa boa para 2020, com alguns lançamentos já encaminhados. O senhor acha que o ano vai permanecer bom depois da pandemia do coronavírus?

Carlos Henrique –  De fato todos os indicadores sinalizavam que 2020 seria um ano de consolidação do crescimento do mercado imobiliário. A pandemia trouxe uma brusca mudança nesta expectativa, refletindo nos meses de março e abril, com forte redução das vendas. Porém, já em maio e, principalmente, em junho, passamos a observar novo movimento positivo no mercado a partir de medidas que foram oferecidas pelos incorporadores e bancos.

BE – Como o senhor avalia a posição do mercado imobiliário depois desse período de pandemia?

CH- Ainda é muito cedo para falarmos do “pós-pandemia”, mas temos a impressão de que o pior já passou. Nesta fase de convivência com a pandemia o espírito de sobrevivência das pessoas e empresas tem resgatado e antecipado projetos que ajudam a mitigar os riscos. Alguns exemplos que podemos citar são: a venda on-line de imóveis; a digitalização de documentos internos das empresas; as medidas de proteção ao trabalhador, etc.

BE – Existe a possibilidade de demissão ou não contratação de mão de obra depois desse período?

CH- Sobre a questão do emprego, a construção civil tem respondido de forma positiva, conforme atesta o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED dos meses de abril e maio. Se o atual nível de atividade não tem sido suficiente para gerar novos empregos, temos nos apresentado como a atividade econômica com menor redução de vagas (44.647 para um total 1.144.875). Entretanto, para o desempenho ser mantido ou melhorado, temos a clareza que são necessárias novas obras. Daí a importância de novos lançamentos imobiliários, assim como de obras de infra-estrutura ou equipamentos públicos, com recursos privados ou públicos.

BE – Como o senhor avalia as medidas fiscais adotada pelo governo federal para ajudar o empresário de todos os setores nessa quarentena?

CH- O governo federal, ao meu ver, adotou no plano fiscal as medidas de diferimento e/ou parcelamento dos encargos fiscais e previdenciários com vencimentos nos primeiros 90 dias da pandemia. Entretanto, temos que observar a partir de julho se as empresas terão resgatado a capacidade de pagar e, inclusive, em algumas situações, de pagar a parte diferida.

BE – Quanto tempo a construção civil vai levar para se recuperar da crise?

CH- A construção civil reage na mesma proporção do crescimento de dois indicadores: confiança e investimentos. Na questão imobiliária estamos no viés de alta, pois os empreendedores e compradores têm demonstrado confiança, aproveitando a redução das taxas de juros. Quanto aos investimentos privados e públicos em setores diferentes do imobiliário, esperamos que no final deste ano já retornem ao crescimento.

BE – Como o senhor avalia essas medidas adotadas pela Caixa. Qual a importância delas?

CH- Essas medidas anunciadas pela Caixa são muito positivas para o nosso mercado, pois proporciona a possibilidade de financiar as despesas de legalização, além de ser uma alternativa de crédito mais barata a aqueles que necessitem desses recursos. Outra possibilidade é permitir que o comprador possa direcionar os recursos hoje disponíveis para outros fins como a própria mobília do imóvel a ser adquirido. No caso da medida voltada para as empresas, a importância se da pela possibilidade da antecipação do início das obras, favorecendo na própria comercialização do empreendimento e na garantia percebida pelos compradores pela existência de recursos para custear as obras.