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Setor da Construção
26 de Janeiro de 2016
Descontos tentam tirar setor imobiliário da crise
No momento de crise, com retração do crédito e restrições no orçamento, comprar imóvel virou uma boa opção para quem dispõe de uma reserva financeira e deseja aplicar em bens duráveis com retorno garantido a curto e médio prazo. Com uma oferta de mais de 7 mil imóveis, o mercado imobiliário baiano aguarda compradores. Para tanto, algumas empresas estão com ofertas variadas: descontos de até 30%, pagamento do Imposto Inter Vivo (ITVI), um ano de condomínio pago e carro na garagem. “Para quem tem recursos disponíveis o momento de comprar é agora”, diz o presidente do Creci-BA, Samuel Prado.
Segundo Prado, há 4 anos que o mercado imobiliário de Salvador vive a incerteza de realizar ou não investimentos, devido à indefinição do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). A situação foi agravada no ano passado com a crise econômica. ”Vivemos uma recessão no setor. O que existe é a oferta de imóveis já aprovados. Mas mesmo assim está difícil vender”, disse. O presidente da ADEMI-BA, Luciano Muricy Fontes, diz que as empresas de Salvador já estão praticando preços e condições especiais para superar o período. Ante a incerteza da política econômica, ele não arrisca fazer um prognóstico sobre a continuidade dessas políticas promocionais. “Esperamos que estes problemas sejam resolvidos para que os investimentos retornem e o setor imobiliário possa retomar seu papel de indutor do crescimento do país”, disse.
Oferta - Em São Paulo, maior mercado imobiliário do País, conforme a Revista Exame, o mercado imobiliário está oferecendo linhas de crédito de até 80% do valor do imóvel, ante as restrições impostas pelos bancos privados. Como os bancos têm restringido a oferta de crédito, as imobiliárias têm oferecido essas facilidades para os clientes, como forma de conter os cancelamentos de contratos de clientes que não conseguem crédito na praça na hora da entrega das chaves. Em Salvador, conforme Prado, as 700 imobiliárias que atuam no mercado baiano têm enfrentado esses mesmos problemas e os corretores têm lidado com um público diferente: pessoas que compraram o imóvel e na hora da entrega das chaves não têm os recursos e acabam revendendo-o para terceiros.
Para o presidente do SINDUSCON-BA, Carlos Henrique Passos, o mercado baiano está em compasso de espera, mas a grande maioria dos empreendedores não optou por realizar o financiamento próprio dos imóveis por não dispor de reservas financeiras para tal. “os juros dos bancos que financiam programas imóveis ainda são mais vantajosos do que aqueles que porventura venham a ser praticados pela construtora que faça o financiamento direto”, diz. Segundo dados da ADEMI-BA, o número de unidades ofertadas no mercado baiano, considerando Salvador, Camaçari, Lauro de Freitas e Feira de Santana é de 7.728 imóveis, 20 % estão prontos para a venda.
Em Salvador a oferta é de 5.351 imóveis, 25% prontos para morar. De janeiro a novembro foram vendidos 6.324 imóveis, no estado, dos quais 3.212 em Salvador. Segundo Muricy, “a despeito da crise por que passa o setor, o crédito imobiliário ainda está disponível, em especial os financiamentos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de séricos (FGTS), com taxas de juros atrativas”. Em decorrência disso, ele considera que a demanda por imóveis ainda é grande. “Este é um momento de oportunidades, pois os preços estão num patamar baixo e tendem a subir ao menor sinal de recuperação da economia”, disse.
Sem lançamentos - Com a crise na construção civil em todo o país, o mercado imobiliário baiano passou o ano de 2015 quase sem lançamentos de empreendimentos em Salvador. Dos 3.485 lançados no estado, a maioria fruto das obras do Programa Minha Casa Minha Vida, somente 895 imóveis foram lançados na capital. As vendas, que somaram 3.212 em Salvador, e 6.324 em todo o estado, foram de estoques remanescentes do ano anterior. Dos imóveis lançados em Salvador, afora os de habitações de interesse popular, financiados pelo governo federal, 24 foram na Barra, 17 na Graça, 170 em Jaguaripe (Orla), 54 no Iguatemi e 46 no Jardim Apipema.
As perspectivas para 2016, na avaliação do SINDUSCON-BA, não são otimistas para o 1º trimestre. Isso porque ainda não ficou claro para os investidores uma definição de uma política econômica e habitacional que resgate a confiança no mercado. “A construção civil é uma atividade de risco. E com risco alto o preço do imóvel tende a ser alto, pois esse risco acaba sendo repassado para os preços”, diz Carlos Henrique Passos. Para ele, o mercado ainda está retraído e existem pequenos nichos que são destinados a faixas específicas de renda. O preço médio do metro quadrado em Salvador estava em R$ 5.127, contra R$ 4.833, há um ano. Até 31 de dezembro o metro quadrado mais caro era o da Vitória e o mais barato no Caminho das Árvores.
Devolução- O presidente do SINDUSCON-BA disse que toda operação de crédito para o financiamento de um imóvel deve ser analisada com critério tanto por parte do comprado como pelas imobiliárias e construtoras. Isso porque trata-se de uma atividade de riscos, onde as possibilidades de inadimplência podem crescer com o agravamento da crise econômica. O 1º critério a ser observado é o histórico de crédito de quem busca financiamento. Além de buscar oferecer uma opção de crédito para o cliente que tem o financiamento negado pelo banco, as construtoras têm buscado o financiamento diretor com o consumidor, o que na opinião do presidente do SINDUSCON-BA, é um risco. Passos lembra que mesmo com todas as restrições, os juros bancários são menores e os bancos têm critérios que asseguram um nível de garantia contra a inadimplência.
“Por isso eles têm taxas de juros menores que o financiamento direto pela construtora”, afirmou. Já para quem busca o financiamento direto com as construtoras, sabe que vai pagar uma taxa maior por causa dos riscos do mercado e da inadimplência. “Quanto maior o risco, mas ele é repassado para os preços”, finalizou. Samuel Prado lembra que o índice de devolução de imóveis ainda na planta tem sido crescente nos últimos meses com o agravamento do desemprego e diminuição da renda das famílias. “Muitas pessoas que compraram um apartamento de R$ 300 mil ainda na planta ficaram impossibilitadas de pagar o restante das prestações, e venderam a unidade quase que pela metade do preço. Mesmo assim foi difícil a revenda, o que seria mais um prejuízo para as imobiliárias”, disse.