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Economia

19 de Maio de 2017

Crise política pode afetar recuperação da economia brasileira

A crise política pode afetar a recuperação da economia brasileira, afirmaram especialistas. Após a delação dos donos da JBS afirmando que gravaram o aval do presidente Michel Temer para comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os mercados entraram em pânico ontem (18), com o dólar cotado acima de R$ 3,40, e a Bovespa chegou a interromper os negócios depois de cair mais de 10%.
 
Esse cenário trouxe incertezas quanto ao andamento das reformas da Previdência e Trabalhista, que estão em análise no Congresso. Até mesmo o ritmo de queda da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, pode ser afetado pelas incertezas na economia e política, de acordo com os especialistas.
 
Segundo Alexandre Wolwacz, diretor técnico da L&S Investimentos, a crise política trouxe consequências econômicas violentas e somente após a resolução disso será possível saber a direção da economia no país. “Essa situação gera uma incerteza sobre a política econômica. Não sabemos se vamos continuar reduzindo as taxas de juros, se vamos respeitar a meta de inflação ou se vamos conseguir gerar empregos”, ressalta.
 
"A agenda de reformas fica praticamente inviabilizada, a própria manutenção do governo é incerta e isso afeta também a retomada dos investimentos, a principal variável por trás da expectativa de retomada da economia", diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. Diante desse cenário, segundo ele, a queda do desemprego também fica mais distante.
 
Campos Neto, da Tendências, acredita que, caso a volatilidade do mercado se prolongue, o Banco Central pode reduzir o ritmo de queda ou até mesmo estagnar a taxa Selic. "Se o dólar continuar subindo ao longo das próximas semanas, chegando a R$ 3,60, R$ 3,80, o estrago inflacionário pode ser grande e o governo vai ter que ser mais cauteloso [em relação ao corte da taxa básica de juros]", explica.
 
Por outro lado, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, acredita que a Selic não deve ser afetada, na próxima reunião em maio, e a empresa projeta corte de 1 ponto percentual. Para as próximas reuniões, o especialista diz que o Banco Central vai analisar os acontecimentos para determinar se o ritmo será mantido.