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06 de Maio de 2024

Cidades do interior dobram número de moradores em apartamentos

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Viver com mais segurança, mais tranquilidade, menos deslocamentos e um custo de vida mais baixo. Esses são alguns dos principais atrativos mencionados por quem mora ou pensa em morar numa cidade de interior. E a procura por residências em pequenos municípios baianos tem aumentado o processo de verticalização dos mesmos. Além de Lauro de Freitas, onde a proporção de pessoas vivendo em apartamentos saltou de 6,1% para 25,2% em 2022, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Itabuna dobrou, no mesmo período, a quantidade de residentes em prédios, passando de 12,7% para 24,6%. Já em Simões Filho, esse aumento foi de 7,6% para 16,8%.

“O interior da Bahia está em expansão e tende a crescer ainda mais em desenvolvimento e arquitetura urbana. Algumas cidades têm se transformado em polos de interesse, com a implantação de universidades, hospitais, e maior movimentação do turismo", explica Cláudio Cunha, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Ele diz que, após a pandemia de Covid-19, que tornou o trabalho remoto uma realidade para muitas pessoas, há mais gente interessada em viver nas cidades menores.

Alexandre Landim, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA) comenta que esse não é um caso isolado do estado. “Os migrantes levaram com eles alguns costumes da capital, principalmente o de morar em prédios, o que aumentou a demanda por esse tipo de empreendimento, principalmente em lugares como Vitória da Conquista, Jequié, Luiz Eduardo Magalhães ou Barreiras”, aponta. Segundo ele, os apartamentos têm ocupado os centros das cidades, onde se aproveita mais facilmente toda a infraestrutura pré-existente de abastecimento de água, sistema de esgotamento e rede de energia elétrica. “Tudo isso com a facilidade de morar perto dos serviços e comércios. Muitas vezes, num pequeno raio, você pode fazer tudo a pé”, acrescenta.

“Outro fator é que muitas famílias de cidades pequenas vêm os filhos morar fora para estudar e trabalhar e, muitas vezes, fica o casal numa casa de 400 metros quadros, por exemplo. Aí, eles percebem que é melhor vender e se mudar para um apartamento”, comenta Fábio Braga, delegado regional do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI), em Santo Antônio de Jesus.

Localização do imóvel

Até muito recentemente, só se encontravam condomínios horizontais nos interiores. A escassez de terrenos tem feito, no entanto, que as construtoras apostem em empreendimentos verticais, como explica Braga. “Quando uma empreiteira encontra um terreno bem localizado nessas cidades que seja próximo de escolas, clínicas e áreas de lazer, a área é, geralmente, pequena. Por isso, optam por construir condomínios prediais.”

E se antes morar numa casa era sinônimo de espaço de lazer, com jardim, quintal ou varanda, o mercado imobiliário já provou que os edifícios não ficam atrás em atrativos desse tipo. “As construtoras têm diminuído a área privativa para privilegiar as áreas de uso comum e investir em piscina, área gourmet e academia”, comenta Braga.

Um exemplo disso é o residencial Ilhéus Select, construído pela Pelir Engenharia, B2 Engenharia e Portal Santo Agostinho, que conta com duas torres e oferece lounge gourmet, piscina com deck com vista para o mar, quiosque de apoio na praia, redário, quadras de beach tênis e futevôlei, espaços de recreação para crianças e pets e até um coworking. “A maioria dos adquirentes são de Ilhéus e de cidades no seu entorno, Itabuna, Vitoria da Conquista. Mas também temos clientes do Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Estados Unidos (EUA)”, conta Rodrigo Peleteiro, diretor da Pelir Engenharia. Segundo ele, os clientes têm como principal atrativo “morar com o pé na areia”, na Praia dos Milionários, a cinco minutos do aeroporto e do centro da cidade.

Peleteiro ressalta que, além das belezas naturais do lugar paradisíaco e com muita história e cultura, o mercado imobiliário tem valorizado cidades interioranas que têm grandes investimentos públicos e privados no horizonte. É o caso de llhéus, com a construção da Ferrovia de Integração Oeste Leste-FIOL (que ligará o futuro porto da cidade a Figueirópolis, no Tocantins), e a duplicação da BR-415.

Fábio Braga destaca que as habitações de interesse social também têm um papel da verticalização nos interiores. Ele cita o exemplo do condomínio Azul Ville, em Santo Antônio de Jesus, construído pelo programa governamental Minha Casa, Minha Vida. “Temos visto pessoas que pagavam mil reais de aluguel e que optam por comprar um apartamento, porque, muitas vezes, a parcela do financiamento fica menor do que o aluguel”, conta. Sua expectativa é que, dentro de alguns anos, muitos desses municípios sigam o exemplo de Feira de Santana, que passou por um processo de verticalização há cerca de 20 anos. “Agora, o mesmo acontece em cidades como Valença, Santo Antônio o Cruz das Almas”, conclui.

Fonte: A Tarde