Faça o login e acesse o conteúdo restrito.

Notícias



Setor da Construção


15 de Setembro de 2012

10º Seminário Tecnológico da Construção Civil discute e inovação na construção

20210315023054_604eb8ce7d23b.jpg

Com a proposta de disseminar técnicas e conceitos que contribuam para levar a indústria de construção a um novo patamar de competitividade, a programação técnica do Construir Bahia 2012 incluiu ontem (13), o 10º Seminário Tecnológico da Construção Civil/IX Seminário de Inovação Tecnológica. Promovidos pelo SINDUSCON-BA, SENAI-BA E SEBRAE-BA, os dois eventos foram unificados neste ano e atraíram um público de cerca de 300 pessoas entre profissionais, estudantes e empresários do setor.

O gerente geral do SENAI Dendezeiros, Jair Santiago, destacou que a programação foi feita a partir da demanda do mercado. “Nossa proposta foi trazer profissionais que estão dentro do Padrão SENAI de qualidade e cujo trabalho e experiência vêm de encontro com o mote de inovação tecnológica”, disse. O presidente do SINDUSCON-BA, Carlos Alberto Vieira Lima, destacou a urgência de humanização e mecanização dos canteiros de obras. “Não podemos continuar no estágio em que estamos. Os canteiros, processos e materiais atuais permanecem os mesmos de há 40 anos. Temos que inserir planejamento como essencial e usar ferramentas de melhoria da qualidade”, disse.

Vieira provocou aos jovens, maioria da plateia, a incorporarem os processos apresentados e aplicarem em suas carreiras. Irlene Pereira, coordenadora de projeto de construção civil do SEBRAE-BA, destacou a importância de levar para a comunidade empresarial o que há de mais recente em inovação tecnológica. ”É uma realidade que pode ser adotada até mesmo pelas micro e pequenas empresas”, ressaltou. O evento contou com seis palestras que apresentaram conceitos de sustentabilidade e racionalização na Construção Civil e experiências bem-sucedidas de inovações tecnológicas nos diferentes estágios do processo construtivo. Vicente Mattos, vice-presidente da Fieb, diretor do SINDUSCON-BA e coordenador do grupo tecnológico da CBIC, acompanhou as discussões.

 

Palestras

Tecnologia -

A arquiteta Jealva Alves Fonseca, diretora da Syene Empreendimento, falou sobre a implantação e utilização do sistema BIM (Building Information Modeling) e o conceito da Construção Sustentável, destacando a experiência da incorporadora. Segundo ela o BIM é uma tecnologia de modelagem que agrupa processos de produção associados, o que permite a análise mais detalhada de possíveis modelos de construção a serem adotados em projetos de edificação. Ao contrário do CAD, ferramenta para projetos que tem a base bidimensional, o BIM, por ser tridimensional, permite uma convergência multidisciplinar, evitando retrabalho na fase de execução da obra. “Para um empreendimento ter uma boa sustentabilidade e qualidade, você tem que pensar antes, levando-se em conta variáveis como conectividade urbana, incidência solar, as edificações do entorno, etc”.

 

Planejamento

Canteiro de Obras de Baixo Impacto foi o tema abordado por Clarice Degani , da CSE Arquitetura e Interiores, assistente AQUA e Auditora da Fundação Vanzolini. Ela destacou em sua fala a importância do planejamento para proporcionar a sustentabilidade no canteiro de obras. “O primeiro passo é criar instalações provisórias confortáveis, dentro das exigências da legislação de saúde, conforto térmico e acústico, é fundamental também que o canteiro tenha o menor impacto possível no seu entorno e que ao longo do processo, a gestão de resíduos seja efetiva”, disse. A decisão dos materiais e processos a serem adotados em uma obra e a gestão de resíduos resultam em construções sustentáveis e enxutas, dentro do conceito de sustentabilidade que leva em conta o social, o econômico e o meio ambiente. “Um canteiro de obras sustentável impacta o menos possível em seu entorno”, disse.

 

Acústica

A Norma de Desempenho (NBR 15.575) da Associação Brasileira de Normas Técnias (ABNT) com enfoque no conforto acústico foi tema da palestra da arquiteta Débora Barretto, conselheira da Sociedade Brasileira de Acústica e Proacústica. A profissional é membro do comitê de estudos acústicos da ABNT e destacou a falta de conhecimento do assunto até mesmo entre os profissionais de arquitetura e engenharia. “Temos que quebrar um pouco o paradigma de que projetos acústicos são para ambientes como teatros e cinemas. É uma questão de saúde, e isso não é supérfluo. Embora nosso organismo se adapte aos ruídos, nosso sistema nervoso é afetado”, destacou ao lembrar que a palavra conforto leva a entender que é uma coisa para isso.

A especialista destacou a importância da NBR 15.575 importância para o setor, pois cria um marco regulatório para a construção civil, ao introduzir novos conceitos, como desempenho acústico, desempenho térmico e vida útil. “A Norma representa uma evolução da construção no Brasil, mas sua incorporação está se dando de forma lenta, principalmente aqui na Bahia e no Nordeste”, disse. Segundo ela, a incorporação de projetos acústicos desde a concepção dos empreendimentos contribui para o valor agregado do produto e tem um curso final muito inferior ao de intervenções para solucionar questões de acústica.


Inovação

Iria Lícia OLIVIQ Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto ABCIC, começou sua fala destacando que a inovação tem várias aplicações, na eficiência (mesmo produto a um custo menor), sustentada (converter algo existente em um produto ou processo melhor) ou Inovação de rupturas (transforma as coisas complexas em algo simples e acessível). Doniak destacou a importância da história dos métodos construtivos, lembrando que as construções antigas eram duráveis e muitas técnicas já contavam com coordenação modular. “Estamos evoluindo, mas o passado tem que ser olhado para a gente aproveitar melhor as ferramentas, sistemas construtivos e equipamentos”, disse.

Para a especialista, na construção, normalização e qualidade pontos fundamentais. “Nunca mais vamos construir como construíamos antes por causa da sustentabilidade e da arquitetura contemporânea, mas é necessário haver disponibilidade dos processos construtivos onde vou construir”, destacou. Segundo ela, a racionalização construtiva deve abranger uma mudança de postura nas fases de projeto e não apenas na alteração de determinados processos. Defensora da adoção de sistemas mistos de construção, a engenheira diz que a sustentabilidade, em termos de engenharia e projeto, é tirar o máximo de potencial de cada sistema produtivo, considerando sua viabilidade. “Eu acredito que todos os sistemas construtivos vão ter espaço no mercado. Defendo um mix dos sistemas produtivos, como conceito de projetar com sustentabilidade”, finalizou.

 

Construção Enxuta

José de Paula Barros Neto, engenheiro civil, doutor em administração pela URGS, professor do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará levou aos participantes do Seminário o exemplo do Ceará, estado que é referência em Lean Construction (Construção Enxuta, no Mundo. Segundo ele, Fortaleza abrigou, em 2004, um seminário internacional sobre o assunto que despertou o interesse das empresas em adotares a filosofia. “Hoje, efetivamente, cinco empresas trabalhando com Lean Construction, em Fortaleza. Estamos (UFCE) fazendo uma proposição de um modelo de retroalimentação da gestão do processo de projeto a partir de medições de satisfação de clientes”, destacou. A pesquisa com os clientes engloba, até o momento, 23 empreendimentos, 1816 unidades habitacionais de seis empresas privadas e de uma instituição pública e foi realizada de 2002 a 2011. “Este estudo é uma importante fonte de informação para o desenvolvimento e a melhoria contínua de novos produtos habitacionais”, disse. A partir do diagnóstico são identificados pontos que merecem ajustes.


SINDUSCON-BA dá exemplo de sustentabilidade e inovação ao setor

A nova sede do SINDUSCON-BA que está sendo construída no terreno da entidade na Pituba incorpora os pilares de Sustentabilidade e inovação. Na última quinta-feira, o conselheiro Thales de Azevedo e a consultora do SINDUSCON-BA, Natasha Thomas, encerraram o 10º Seminário Tecnológico da Construção Civil, na última quinta (13), com uma apresentação aos cerca de 300 participantes do evento. “Nossa proposta é que o edifício seja uma vitrine dos conceitos e soluções, demonstrando que a prática sustentável tem viabilidade técnica e econômica”, destacou Azevedo.


A arquiteta Natasha Thomas ressaltou que o projeto é sustentável desde a sua concepção. “Serão sete pavimentos, com dois pisos de garagem, garagem para bicicletas com vestuário para os ciclistas, e soluções que minimizam os impactos no entorno”, destacou. A nova sede foi pensada de forma a serem utilizar o mínimo de recursos e está sendo implementado dentro dos critérios de sustentabilidade do SELO do Processo AQUA, o primeiro referencial técnico brasileiro para construções sustentáveis concedido pela Fundação Vanzollini. “A nova-sede já foi certificada na primeira fase (programa) com sete categorias no nível excelente, cinco no nível superior e duas no nível bom. “Estamos criando uma nova forma de construir com mais planejamento e inovação tecnológica e mais sustentabilidade. É o cominho natural para um setor mais competitiva”, destacou Azevedo.